domingo, abril 16, 2006

Sei lá

Esse negoço ae é legal, peguei no noolhar, vale a pena dar uma conferida...



PALCOS
Da esquina ao cabaré

A esquina da José Avelino e Senador Almino, na Praia de Iracema, reúne parte da freqüência do underground. A série Palcos situa os “vizinhos” Noise 3D e Hey Ho Rock Bar no contexto da cena hoje e revela: o Motel 90, bordel clássico da cidade, recebe a Kohbaia e outras bandas



[13 Abril 02h21min 2006]

Um aglomerado até razoável de gente - com sinais de muvuca, em dias de pico. O cruzamento de carros "atrapalhando" o sossego dos passantes. Quem anda ali desavisado talvez pense que é um lugar só. De um lado, o Noise 3D Club. Do outro, o Hey Ho Rock Bar. A programação contínua e relutante desses lugares chama atenção e subverteu a tendência de ciclos breves dos espaços musicais da cena. Até hoje.

Ainda no fim dos 90, era diferente. De 2000 para cá, a Internet cedeu uma proporção maior de divulgação aos espaços. Por conseqüência: longevidade. O Hey Ho fez três anos este ano. Já o Noise "aniversariou" uma vez. "A tendência é que Fortaleza está crescendo e precisa de mais opções para o público diverso", acredita o DJ Danny Husk, 26, residente no Noise 3D.

"Acho que foi uma bola de neve. As coisas foram ficando mais profissionais. As pessoas perceberam que o apoio não viria. Nem de empresário, nem dos meios de comunicação. E o Hey Ho veio dessa forma. Os eventos passaram a ter uma qualidade muito grande, apesar de não ser tão rentável assim", define Rafael Bandeira, 27, sócio do Hey Ho.

O DJ crê que o Noise preenche uma lacuna. Faz sua distinção entre os vizinhos. "Vejo que o Hey Ho tende mais para o metal, o punk, o rock dos anos 70. O alternativo lá é mais esporádico. O Noise, não, já cumpre duas funções: a dos pequenos lugares, ou seja, um público de 80 pessoas dá legal. E ainda contempla as expectativas de uma galera que vivia em shows esporádicos".

Noise 3D foi cria do extinto Ritz Café, na Rua Dragão do Mar. O nome batizava um projeto da casa que hoje inexiste. "Surgiu do Dado (também DJ), e do Marco Aurélio e do Marcel, que tocavam na 69% Love", situa Danny. Além de um tanto de bandas identificadas com a casa, o espaço apertado revelou o Montage, de 2005 até cá, à cena independente nacional. Chegou a faltar ingressos na bilheteria no auge do fetiche pelos caras.

Ao contrário do perfil comum do empresariado, Rafael Bandeira é desprendido ao falar das broncas na gerência da noite. "É impossível trazer uma banda de São Paulo e custear tudo. A gente trabalha muito com cidades vizinhas: Natal, Recife, ajudam a diminuir os custos. Isso é fundamental: nunca uma banda veio e teve de voltar. Antes de eu entrar o bar quase fechou. O Miguel e o Gê cuidavam. O Bebeco entrou na sociedade sendo que com o decorrer das coisas os dois primeiros se distanciaram. A situação ficou insustentável. Fizemos outro contrato social eu comprei a briga".

Entre shows do Ludov, Dead Fish, Sugar Kane, Autoramas, além do circuito local, o último show do Ratos de Porão no bar, há dois anos, rendeu história "pesada" à memória do underground. Um grupo que se denominava skinhead tentou derrubar um dos portões. E alguns destroços sobraram por lá. "Prejuízo em termos financeiro não foi nenhum, o público já estava lá dentro. Foi mais a questão da imagem do que financeira. Toda aquela turnê foi complicada, O João Gordo tava de saco cheio de viajar, porque a filha tinha acabado de nascer. Deu problema em Natal também, o show parou. Quem esteve lá, viu que não foi um problema causado por falta de estrutura. Só queriam fazer confusão", conta. (Felipe Gurgel)


Como assim?
Não se engane pelo nome: o esquema é de um cabaré. O Motel 90 é um dos espaços "improvisados" da cena local que deu certo. Sem "moral" alguma, realiza shows esporádicos há dois anos. O desejo de tocar ali veio de um "sonho" adolescente e iniciativa dos integrantes da Kohbaia - banda tarimbada da cena. "O Robério (Augusto) levou o Jonnata (vocalista) para arrumar uma mulher lá. Gravamos um clipe no primeiro show, já passou oito vezes na MTV. Só não passa na TV União porque rola num puteiro", conta Saulo Raphael, o baixista.

O próprio Jonnata Doll, 24, detalha o que aconteceu. "Foi em 98, eu tinha uns 17 anos e o Robério me levou lá e pagou uma figura que hoje é balzaquiana. Fica só na dela, não brilha mais tanto. Desde esse dia eu queria tocar lá. O primeiro show rolou em 2004, uma noite bem freak, com 300 pessoas. Todo show lota. Já tocou Dago Red, Velocípede, Veida".

Em outubro de 2005, uma festa por lá ocorreu paralela ao Ceará Music. Apesar da concorrência, o show atraiu gente para além do som: houve sorteio de uma noite de sexo gratuito ao lado de uma das meninas da casa. "Quem ganhou foi uma lésbica que estava acompanhada. Nem usufruiu do prêmio", conta Jonnata.

Segundo o vocalista, a próxima festa ocorre dia 13 de maio. Ele descreve as feições da casa e a história. "O palco é minúsculo, tem um carpete vermelho e o fundo é um espelho. É próprio para strip tease. Quando tem festa, não é lucrativo para as prostitutas. Embora o esquema delas funcione normalmente. Fica ali na Tristão Gonçalves, 90, por isso o nome. A cidade começou por ali. Se não me engano, os bordéis foram expulsos para a periferia antigamente e ele ficou. É bem antigo, antes do Jean, o atual dono, a mãe dele era quem cuidava. Já virou tese de comportamento, é o bordel clássico de Fortaleza - e tem uns 50 anos". (FG)

Nenhum comentário: