quarta-feira, maio 30, 2007

Cannes 2007

Enviada especial ao mais glamouroso festival de cinema comenta o saldo de Cannes

My Blueberry Nights: A incursão de Wong Kar Wai, meu diretor chinês favorito, e o único que eu sempre lembro como se escreve, não decepciona. Perde-se um pouco da atmosfera latino-chinesa (isso mesmo) de 2046, e especialmente de Amor à Flor da Pele, mas o estilo do cineasta é inconfundível. Norah Jones não faz feio na estréia no cinema e se dá bem pegando o Jude Law.

Zodiac: David Fincher faz um filme quase tão intrigante quanto Clube da Luta. Pena que não tem o brilho de Edward Norton. Mas Mark Ruffalo não decepciona.

4 meses, 3 semanas e 2 dias: O filme pode ter abocanhado a palma de ouro, mas não mereceu. O apático elenco não convence numa trama tendenciosa. O público brasileiro não deve esperar muito. Mas que espere sentando, porque um filme romeno – cúmulo do cult –, deve chegar aqui depois que a palma de ouro de 2008 seja entregue.

Les Chansons d’Amour: A enviada especial preferiu participar da entrevista coletiva com os rapazes de Ocean’s Thirteen.

No Country for Old Man: O novo filme dos irmãos Coen não é lá essas coisas, mas a enviada recomenda, porque pelo nível das estréias de ultimamente, qualquer filme mais ou menos já se destaca.

Paranoid Park: Gus Van Sant é um chato tentando dobradinha em Cannes. A enviada nunca vai esquecer o fato de Elefante ter roubado a palma de ouro de Dogville.

Le Scaphandre et Le Papillon: O protagonista é um jornalista que escreve um livro só com o piscar de olhos, dado o alto grau de deficiência. Esse cara era brasileiro e não sabia. É baseado numa história real. Vale pelo retrato bem talhado.

Grindhouse: Infelizmente, a enviada não pode comentar o novo filme do Tarantino, pois dormiu durante a exibição.

Do Outro Lado: O segundo filme da trilogia iniciada com Contra a Parede (o filme favorito da enviada), do turco-alemão Faith Akin merecia a palma de ouro. O prêmio de roteiro foi pouco. Akin é um excelente diretor que, se não se vender, como nosso amigo Kar Wai, vai longe.

O novo Kusturica não chegou nem perto de alcançar a terceira palma de ouro. Persepolis é uma animação bacana, como aquela das bicicletas, também francesa, cujo nome eu esqueci. Minha única base de comparação, porque eu só vi uma animação francesa. O filme das japinhas é legal. Une Vieille Maitrasse, com Asia Argento falando de silicone nos peitos no século XIX vai ser cult daqui a uns 10 anos. Incompreensível nos dias atuais.

Andressa Back, especial para o mega portal alternativo Os Canastras.

*Antes que os leitores perguntem: não vi a Jolie.

sexta-feira, maio 18, 2007

Sobre a difícil arte de ser eu mesmo


Nasci em uma quinta-feira qualquer. Quintas nunca são marcantes, não têm aquela moleza das segundas, a excitação das sextas, a festa dos sábados ou a melancolia dos domingos. Para piorar nasci em uma manhã. Deveria estar chovendo. Em julho sempre chove. Não deve ter durado muito. Devo ter nascido rapidamente, sem dor. Período curto como os períodos desse parágrafo.

Não tive uma infância fácil. Usava óculos gigantescos que me cobriam a cara. Era um garoto com cara de nerd que não era um nerd. Eu era uma farsa. De nerd só tinha a tradição de apanhar na saída do colégio. Sempre. Como naqueles seriados americanos. Eu era um nerd burro. Ou seja, talvez eu nunca tenha sido um nerd. Talvez eu tenha sido a vergonha da classe nerdistica. Fiz minha mãe chorar diversas vezes. A cor vermelha era bem mais presente que a cor azul no meu boletim.

Na adolescência fui um garoto normal. Recluso. Escola-casa-cinema-casa. Fiz algumas merdas. Merdas comuns. Qualquer um poderia fazer o que eu fiz. Depois teve aquela situação que me deixou na merda. A grande merda da minha vida. Coisa de vilão da Malhação.

E aqui estou eu em uma faculdade que não sonhei entrar e em uma escola que sempre sonhei fazer, mas que agora eu quero sair. E quando digo que vou virar vendedor de sapatos na Casa Pio ninguém acredita. Na verdade esse sempre foi meu grande sonho. Sério. Ia com minha mãe para o centro só para admirar os vendedores vestidos de camisa verde e sapato de camurça marrom.

E não venham com essa coisa de energia positiva. Quem tem que se preocupar com essa bobagem é o Paulo Coelho e a Lya Luft. Eu sou realista.

Dia 02 tem show da tal banda naquele banheiro que é o Noise 3d. Eu não irei. Prometo que não estarei lá cantando "Todo amor termina com um coração que se parte". Essa coisa de fanático-apaixonado já deu. Chega. Só sei que a idéia de minha grande família está cada vez mais longe. Nada de crianças correndo pelo corredor. Nada de casa no campo. Nada de dança romântica em frente da lareira ao som de Tom Jobim.

Eu só sei que vou comer mais chocolate e ler mais um spoiler do Lost. Coisas que faço todas as quintas. Como toda quinta qualquer.

domingo, maio 06, 2007

"O Virgem de 40 Anos": o pior filme que já vi - pau a pau com "A Cartomante"


Eu nunca vi um tema com tanto potencial ser tão desperdiçado.

O filme é uma sucessão de cenas bestas costuradas sem nenhum sentido, ou pelo menos sem nenhum talento. Que diretor de merda, esse. Os diálogos conseguem ser piores que os do "Cazuza". Na falta da manha pra coisa, os escritores só tiveram o trabalho de botar um monte de "fuck", "ass" e derivados ao longo de tooooooooodo o filme. E tome 130 minutos!

Inexplicavelmente (quer dizer, explicação tem, falta de idéias), a historinha ridícula do virgem é misturada com a historinha dos colegas de trabalho dele. Rapaz, tem uns 7 ou 8 personagens que podiam tudim morrer num tornado que não faziam falta. Acho que o diretor quis dar chance pros amigos desempregados dele.

E quando eu ainda tinha esperança, "agora vai", a situação era estragada pela mais profunda falta de criatividade. A cena da vagina de plástico que se desmonta, por exemplo. Se fosse um cába esperto, sabia tirar graça daquilo. A cena da depilação, putaquipariu! 3 minutos de constrangimento pra mim. A cada tirada de cabelo, lá vinha "fuck!". Sem sentido e NÃO dá nem pra sorrir.

E agora um ponto extra: Steve Carell. Galera, tô achando que tem algo errado comigo. Num sei, sei lá, eu vejo todo mundo babando esse cara na tv a cabo. Mas.... QUE FILHO DA PUTA REVOLTANTEMENTE BESTA! O cába só sabe gritar. Esse é o humor dele: gritar. Sem expressão, sem nada. Bota o Jim Carrey ali pra dar um banho nele. Já tô até imaginando como aquele Miss Sunhshine deve ser ruim.

E como é que esse filme sobre virgem - que necessariamente deve ser de putaria e politicamente incorreto - termina? COM UM CASAMENTO. BONIIIIITO!

Que merda de filme. E vou ter que pagar 2 e 50 por ele. Eu quero a volta dos filmes dos nerds!