Bonde do quê????
O produtor, compositor e empresário americano Quincy Jones afirmou nos anos 80 que num futuro não muito distante só ia dar a música brasileira! Como bem sabemos, a previsão, provavelmente, motivada pela bossa nova e a ascensão oitentista do rock brasileiro, não se concretizou. Paralamas e Titãs chegaram até a fazer um relativo sucesso na América Latina e Portugal, mas nossos hermanos no máximo ainda hoje conhecem
Polícia e
Óculos. Mas, tudo bem, porque nós aqui também desconhecemos Soda Stero e Xutos e Pontapés (os dinossauros do rock argentino e luso, respectivamente). Sepultura sim, teve vôos mais altos, mas agora tá pau a pau com a Varig. Isso porquê ousaram cantar em inglês. Há quem diga que a barreira da língua foi um dos grandes motivos para outras bandas brazucas não terem despontado no mercado internacional. Concordo, afinal, um idiota em inglês é assimilado bem melhor do que qualquer Tom Jombim, Raul Seixas ou Cazuza em português, inclusive aqui mesmo no Brasil.
A Bossa Nova, o Seu Jorge e os Mutantes são exemplos da música brasileira que (ainda) fazem mais sucesso pelo mundo mais do que do Oiapoque ao Chuí, mas isso não quer dizer que seja assim um grande sucesso como as bandas de fora fazem por aqui. Mas, chega a ser covardia comparar a indústria fonográfica brazuca com a americana, por exemplo.
Bom, mas isso tudo era só pra dizer que o Bonde do Role foi considerado pela revista Rolling Stone como uma das "dez bandas para se ligar no mundo inteiro", no famoso "10 Bands to Watch". Se você como eu, até então nunca tinha ouvido falar desse Bonde, por favor, pelo bem da sua saúde mental e auditiva nem ouse procurar saber como eu fui. Bem feito pra mim!
Bonde do Role é um trio de Curitiba que mistura funck carioca com samplers de rock, numa verdadeira ofensa ao ritmo - tanto ao rock, quanto ao funk. Se você acha que Latino, Tati Quebra-barraco, Garota Safada e afins, já fizeram tudo de medonho que poderia ser feito numa letra, acreditem, o Bonde do Role consegue fazer pior. Veja a seguinte letra da banda, no melhor estilo Dado Dolabella:
"CAI NIMIM! potranca quero te conquistar. CAI NIMIM! potranca quero te lambuzar. Vem aqui safada cola na minha goma, sua imunda lazarenta, por você eu toco bronha". E a do vitiligo? Saca só a genialidade dos versos: "
Vai, vai, vai, vitiligo! Parece vitiligo, mas e mancha de limão". Mas, a minha preferida é a da esfiha, a letra fala de petelho e comida, uma coisa linda, olha o refrão arrebatador:
"Assopra, assopra o meu saco! Assopra o meu saco senão vai levar sopapo!" De tão, tão ruim, chega a ser engraçado.
Definitivamente eu não entendo tanto confete em cima disso aí... Mas, se nós consumimos as porcarias de fora achando um máximo, nada mais justo que eles achem o máximo as nossas também.
O quê me serve de consolo é que daqui um tempo, passa. É a ordem natural das coisas, nem todos nascem com o potencial de transformar hits de verão em clássicos, ainda bem!
Eu só sei que a gente tem é que aproveitar a onda e lançar logo a nossa banda de forró-punk. Sabe aquela música do Enes? E aquela da lagoa fedida? Gente, seriam hits de cara! Íamos fazer turnê na Europa! Sermos autênticos indies stars! Sair na revista da MTV! Ter clipe na TV União! Tocar no Abril pró Rock! Poxa, quanto potencial estamos desperdiçando... Pensem nisso!
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